Cedo, revelou ser um excelente aluno, o que
chamou a atenção da proprietária da herdade, onde o pai trabalhava como feitor.
Sem filhos e fascinada por esta criança, propôs-se assumir os custos da sua
educação, o que foi aceite pelos pais.
Partiu
para Lisboa, com 13 anos, para estudar no Liceu Pedro Nunes, onde concluiu com
distinção o ensino secundário em 1918. Matriculou-se no Instituto Superior de Comércio, hoje Instituto Superior
de Economia e Gestão e licenciou-se com cerca de 22 anos
Bento
de Jesus Caraça era um excelente professor, rigoroso e exigente. Alunos de
outras escolas chegaram a vir assistir às suas aulas.
Com Bento de Jesus Caraça, o ensino da
Matemática colocou-se mais perto do concreto e mais próximo do quotidiano.
Publicou
vários estudos sendo a mais notável
obra, “Conceitos Fundamentais da Matemática”,
Em 1936, funda o Núcleo de Matemática, Física e Química juntamente
com outros doutorados nas áreas de matemática e física.
Em 1938, com os professores Mira
Fernandes e Beirão da Veiga, funda o Centro de Estudos de Matemáticas Aplicadas
à Economia e dirigiu-o até 1946, ano da sua extinção pelo governo.
Em 1940, com os professores
António Monteiro, Hugo Ribeiro, José da Silva Paulo e Manuel Zaluar, criou a
Gazeta de Matemática. Um ano depois, cria a Biblioteca Cosmos, para edição de
livros de divulgação científica e cultural, publicando 114 livros, com tiragem
global de cerca de 794 000 exemplares.
Entre 1943 e 1944 torna-se o segundo Presidente da Sociedade Portuguesa
de Matemática em conjunto com Mira Fernandes.
Bento
de Jesus Caraça sempre apoiou os pais, acabando por lhes comprar uma casa
quando, ao fim de larguíssimos anos, deixaram de trabalhar na Herdade da Casa
Branca. Tomou também a seu cargo a educação de um sobrinho, João, que traz para
Lisboa, a fim de evitar o mais que certo futuro de trabalhador rural
Defensor
da liberdade que definitivamente não existia com o Estado Novo, Bento de Jesus
Caraça foi também um interessado pela “questão feminina” e sempre incentivou a
intervenção das mulheres na sociedade.
Sempre
consciente do mundo que o rodeava, empenhou-se juntamente com outros
intelectuais portugueses, nas lutas pela liberdade e pela paz.
A
Cultura foi uma das outras grandes paixões de Bento de Jesus Caraça,
deveria ser adquirida por
todos para que se conquistasse a liberdade
Bento
de Jesus Caraça participou no Movimento de Unidade Democrática (MUD). O
MUD reclamava“liberdade de reunião, de associação, de imprensa
e eleições livres”.
Ao pôr em causa o Estado Novo, este movimento foi ilegalizado pelo governo de Salazar e muitos dos seus dirigentes foram presos.
Ao pôr em causa o Estado Novo, este movimento foi ilegalizado pelo governo de Salazar e muitos dos seus dirigentes foram presos.
Em 1946, Bento de Jesus Caraça é preso pela PIDE e Governo de Salazar instaura-lhe um
processo disciplinar que o afasta de vez do ensino e traz inúmeras dificuldades
económicas à sua família. Dá explicações em casa e não pára de estudar e
escrever. A sua saúde debilita-se cada vez mais e as crises cardíacas surgem
com alguma frequência.
Morreu em 25 de Junho de 1948. Dois dias depois o seu funeral foi acompanhado por uma impressionante multidão silenciosa. Os tempos obrigavam a que assim fosse. No meio dessa multidão estavam também os temidos agentes da polícia política. Bento de Jesus Caraça foi sempre um nome incómodo para o regime salazarista ao apoiar a igualdade entre os homens, a paz e o amor.
Morreu em 25 de Junho de 1948. Dois dias depois o seu funeral foi acompanhado por uma impressionante multidão silenciosa. Os tempos obrigavam a que assim fosse. No meio dessa multidão estavam também os temidos agentes da polícia política. Bento de Jesus Caraça foi sempre um nome incómodo para o regime salazarista ao apoiar a igualdade entre os homens, a paz e o amor.
TEXTO POR: PEDRO ROSA
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